Por Eldo Couto em Fevereiro de 2018
Ao longo de sua evolução, a educação escolar centrou suas atividades na formação acadêmica ou técnica, privilegiando a aquisição de conteúdos por parte dos educandos. Com isso, desenvolveu-se, paralelamente, a mentalidade de que a formação de um indivíduo estava diretamente relacionada à quantidade de informações que ele conseguia assimilar.
Assim, os melhores estudantes eram os que demonstravam capacidade de armazenar mais conhecimentos, independentemente da maneira como administravam suas emoções ou se relacionavam com o mundo à sua volta.
O trabalho realizado pelas escolas visava, essencialmente, ao atendimento das necessidades impostas por um mundo que se desenvolvia a passos largos industrial e tecnologicamente. Em outras palavras, era responsabilidade do setor educacional prover de mão de obra especializada as demandas de uma sociedade fascinada com a produção e com o desenvolvimento tecnológico e científico.
Com a explosão demográfica gerando enormes concentrações urbanas e com o desenvolvimento das comunicações, passou a existir também uma demanda voltada para a administração de conflitos e para a preservação e ampliação dos direitos humanos e de outras situações sociais.
Nessa desafiadora realidade, um novo tipo de profissional, dotado de habilidades que o tornem capaz de lidar com as situações interpessoais, passa a ser necessário.
Por outro lado, a pressão criada pelo marketing, voltado para o consumo, passou a alimentar uma insaciável expectativa pela posse de bens, nutrida pela ânsia de sucesso, beleza, sedução e poder.
Como forma de equilibrar essa equação, surgiu a necessidade de os indivíduos criarem uma autodefesa, baseada no desenvolvimento de uma série de habilidades intrapessoais.
Nesse contexto, a escola aparece como única instituição capaz de promover um trabalho voltado para o desenvolvimento competências e de habilidades socioemocionais, ou seja, direcionado à formação de uma sociedade competente para lidar com as situações intrapessoais e com os conflitos interpessoais.
Porém, paradoxalmente, seus próprios profissionais, os educadores, demonstram carecer de uma educação nesse sentido, já que ela inexistia nas escolas e nas faculdades em que estudaram. Assim, passou a ser responsabilidade das próprias instituições em que trabalham prepará-los a fim de que adquiram a competência necessária para atuar adequadamente na formação das novas gerações.
Por isso, o gestor escolar torna-se de grande relevância para preencher essa lacuna, seja conscientizando o corpo docente e o discente, bem como as famílias, seja definindo com a comunidade escolar, considerando o contexto em que se situa, quais são as competências e habilidades a serem priorizadas e integradas à matriz da escola.
É também de grande relevância promover cursos de capacitação para os profissionais da instituição, com momentos de troca de experiência entre eles e de interação com outras escolas.
Nesse quadro, considerando a natural resistência de alguns profissionais, é também essencial a aplicação de questionários para verificar a reação à capacitação e a aplicação de uma avaliação da mudança de comportamento do professor, a fim de acompanhar a evolução de todos os educadores frente a essa nova necessidade.
Eldo Couto
Especialista em gestão escolar