Por Ivan Rabelo em 06/02/2018 17:55:00
Desde o lançamento do Indicador de Integridade, nós, da equipe Primeira Escolha, temos percebido em nossos indicadores de contato de clientes, além de nossos passos presenciais com muitos destes profissionais em eventos, um notório interesse de pelo menos algumas dezenas de profissionais do ambiente corporativo, sobre o recorrente assunto da integridade associada às políticas de compliance de suas empresas.
O termo em inglês compliance, traduzido ao pé da letra como conformidade, pode muito bem ser entendido como políticas de integridade, que se estabelecem para reger as relações corporativas com fornecedores, clientes, governo e demais atores com quem as empresas se relacionam.
No entanto, é essencial que se considere que estamos falando de pessoas, conduzidas pelos seus impulsos, sua autorregulação, sua personalidade, sua história de vida, as experiências que teve, o ambiente que está inserido, etc. Nesse sentido, tais políticas contemplam também as relações internas, entre os próprios profissionais da companhia; e deles com tudo o que faz parte da organização: seus ativos, sistemas, propriedade intelectual, etc. Encontramos aqui o foco dessa nossa abordagem.
O propósito de um teste de integridade não é avaliar o quanto as pessoas são honestas e honradas pois, fora de contexto, (quase) todos os profissionais se declaram portadores de tais virtudes. Mais do que isso, (quase) todos genuinamente acreditam que são.
Aí está um ponto central na integridade das pessoas: o problema não é o quanto cada um de nós é honesto, mas como cada um racionaliza suas atitudes.
Quando falamos sobre racionalizar, temos aqui como definição (atribuída pela publicação à Psicologia) o ato de justificar atos ou comportamentos, desencadeados por elementos não racionais ou inconscientes, partindo-se do ponto de vista racional.
Mais especificamente, avaliar integridade diz respeito a investigar quais são as preferências ou tendências de racionalização para cada pessoa.
Conforme discutimos com mais detalhes em um artigo aqui do blog, a teoria do desenvolvimento moral de Lawrence Kohlberg estabelece que tais preferências podem ser organizadas em três níveis:
Nível pré-convencional, no qual o indivíduo se orienta por reciprocidade, ou seja, por punição ou recompensa. Raciocinando neste nível, tendemos a explicar nossas atitudes em função de evitar punições ou conseguir vantagens individuais.
Nível convencional, em que o indivíduo se orienta pelas normas sociais, principalmente aquelas que implicitamente deduzimos do comportamento de nossos pares. Tentamos aqui seguir os acordos sociais percebidos na maioria.
Nível pós-convencional, no qual o indivíduo se orienta por princípios e valores aos quais aderimos e internalizamos ao longo da vida. Tomamos decisões e agimos de acordo com este nível quando consideramos nosso entendimento do que é ético em determinada situação, ainda que intuitivamente.
É evidente que há valores universais, como o valor da vida, o respeito ao próximo, a solidariedade etc., aos quais quase todas as pessoas supõem aderir.
Mas é importante ressaltar que compreender as tendências de racionalização frente a dilemas morais ou sociais pode ajudar as empresas e governos a poupar tempo e dinheiro, possibilitando a implantação e reformulação de projetos de compliance nas corporações.
E a você, leitor, queremos destacar alguns pontos em que funcionários e empresas podem cuidar para uma atuação mais coesa e certeira quanto a seus comportamentos nas organizações:
- Agir de forma profissional, honesta e ética.
- Cumprir as leis e regras, independentemente de onde estamos e se estamos sendo observados (controlados) ou não.
- Pedir orientação a supervisão direta quando não souber como fazer a coisa certa.
- Manter um ambiente de trabalho seguro e saudável. Sempre cumprindo as políticas e procedimentos de segurança e saúde.
- Colaborar para o bom uso das informações confidenciais e os ativos (equipamentos, documentos e arquivos) para que não sejam perdidos, roubados ou desperdiçados.
- Não mentir, não falsear informações ou manipular relatórios, seja dentro da própria empresa ou em relação aos clientes externos, não oferecendo ou aceitando suborno ou propinas em negociações.
- Conhecer seus clientes, parceiros de negócios, intermediários ou agentes para agir com respeito e integridade.
Ivan Rabelo
Especialista em avaliação