Por Redação em Janeiro de 2018
Como você conceitua os termos “alfabetização” e “letramento”? Um termo está contido no outro? É possível alguém ser letrado e não ser alfabetizado? Como classificar essa condição ou atributo?
Há uma polissemia ao se tratar desses dois processos, mas as definições mais comuns, e a que vamos nos ater aqui, apresentam a alfabetização como a aquisição da tecnologia de escrita e o letramento como a capacidade do sujeito de fazer uso dos textos em sociedade.
Mesmo tendo definições distintas, os termos alfabetização e letramento são indissociáveis. Segundo Magda Soares, professora da UFMG,
“a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e de escrita e por meio dessas práticas, ou seja, em um contexto de letramento; este, por sua vez, só pode desenvolver-se na dependência da e por meio da aprendizagem do sistema de escrita.”
A clareza da relação entre esses dois conceitos também deve pautar a avaliação que busca mensurar a proficiência do aluno em relação a essas competências. No que se refere à alfabetização é possível a produção de itens que avaliem o domínio do conhecimento do estudante, ou seja, o que o aluno já consolidou até o momento em relação ao processo de codificação e decodificação da língua materna. Esses itens podem ser, por exemplo, voltados para as habilidades de reconhecer, identificar, localizar.Já o letramento pode ser verificado principalmente por meio de itens que explorem a mobilização de conhecimento, em que os alunos devem relacionar conteúdos extrapolando a memorização, ou seja, aplicando o conhecimento de forma efetiva reconhecendo o uso dos diversos gêneros textuais para a prática social da Língua. Esses itens podem ser indicados pelas habilidades de avaliar, relacionar, associar e inferir, por exemplo.
Sabemos que a escola já realiza uma série de avaliações ao longo do ano letivo: diagnóstica, formativa e somativa, mas de que forma a alfabetização e letramento dos alunos de cada ano escolar são diagnosticados e apresentados? Um dos grandes desafios das escolas é saber se apenas com essas avaliações internas é possível a regulação do ensino/aprendizagem.
E então, você já pensou que avaliações externas podem ajudá-lo a acompanhar o quanto um ano escolar está agregando àquele grupo/série?
Como está determinada turma em relação à outras turmas e até em relação à Rede (se for o caso)? Que é possível ter dados da proficiência dos alunos de forma individual? E que tudo isso pode ser acompanhado anualmente e comparado a uma base de dados?
Para tanto, se faz necessário a busca por esse tipo de trabalho, com a principal preocupação de que ele traga à escola todo o suporte para a compreensão desses dados que se dá através de:
- coleta de dados,
- síntese das informações,
- Interpretação,
- tomada de decisões.
A importância das avaliações externas - ou simulados, como são conhecidos nos colégios - já foi discutida aqui no blog, respondendo à questão “Por que fazer avaliações externas?”. Contar com métricas educacionais válidas e possuir referências embasadas podem ser grandes aliados dos colégios neste momento.
Eneida de Castro e Jeanne Alencar
Especialistas em avaliação