Por Ivan Rabelo em 18/01/2018 15:00:00
Em linhas gerais, entendemos a personalidade como um padrão individual de pensamentos, sentimentos e valores de uma pessoa que persistem ao longo do tempo. É a maneira habitual de ser de cada um, e é uma parte daquilo que distingue uma pessoa da outra, uma organização constituída por todas as características cognitivas, afetivas e volitivas de uma pessoa.
Mas é comum definições no dia a dia como
- Fulano “não tem personalidade, é Maria vai com as outras”.
- “Mulher quando não tem personalidade tende a sentir inveja e a se comparar com as outras” (atriz em entrevista no programa Video Show, fevereiro, 2006).
- “Você é rotulado por alguma característica quando é muito jovem, isso gruda em você para o resto da vida, não importa o que você faça. Hoje, se eu sair na rua vestido de palhaço, rindo à toa, ainda vão dizer que tenho uma personalidade sombria só porque já me rotularam assim” (Tim Burton - Gazeta Mercantil; outubro, 2005).
Alguns pesquisadores mais tradicionais, até meados do século XX, diziam que a personalidade depois de constituída, a partir da idade adulta, tende a se manter mais estável. As características de uma pessoa possivelmente serão mais fortemente mantidas até o final da sua vida. Ou seja: a personalidade é mais difícil de ser mudada, com exceção de casos de lesões cerebrais, traumas e psicoterapia.
Pesquisadores, sobretudo vinculados aos modelos de traços fatoriais, a partir do final do final do século XX, indicaram estudos empíricos que demonstraram que a personalidade resulta muito fortemente da interação do indivíduo com o ambiente, ainda que estejam presentes suas características herdadas, e a forma como esta pessoa irá encarar estes episódios também é regulada já pela sua personalidade constituída até aquele momento.
A personalidade de cada pessoa é singular, cada indivíduo é uma mistura única de variados graus de diversos traços, tem uma dinâmica própria, mesmo que a pessoa tenha comportamentos isolados que entrem em choque com o todo da sua personalidade.
Muitas vezes julgamos precipitadamente uma pessoa em virtude de um comportamento que ela manifesta, ao mesmo tempo, reforça-se o entendimento de que a personalidade é, portanto, propulsora de comportamentos.
Conceitualmente, o comportamento pode ser entendido como a maneira da pessoa se comportar, sua conduta, a forma como reage, seus costumes.
O comportamento é considerado como o conjunto de atitudes e reações de um indivíduo em face ao meio social, influenciando o ambiente e sendo influenciado por ele. Pode ser entendido como a exteriorização da personalidade, as reações específicas de uma pessoa diante de uma situação.
O comportamento é a expressão da ação manifestada pelo resultado da interação de diversos fatores internos e externos que são vivenciados pela pessoa:
- sua personalidade;
- cultura;
- expectativas;
- papéis sociais;
- experiências cotidianas.
O comportamento, portanto, é a ação do ser humano ao se relacionar ao mundo.
No contexto educacional e corporativo, para além do entendimento do ponto de vista das teorias e modelos de personalidade, e também das diferenças entre a avaliação de comportamentos ou avaliação de traços de personalidade, vale reforçar a complexidade da definição de quais são as características essenciais para um comportamento produtivo ao longo das fases da vida, haja vista que deve-se considerar que tais características devem estar relacionadas ao momento (fase) da vida, grupos sociais em que a pessoa está inserida, tipo de atividade que exercem no dia a dia, o nível hierárquico do cargo que ocupam no trabalho, o comprometimento com os resultados, a estratégia da empresa e outros tantos possíveis fatores.
Ivan Rabelo
Especialista em avaliação