Como detectar senso de colaboração pode ser valioso

Como detectar senso de colaboração pode ser valioso

Uma competência muito discutida em diversos contextos, sobretudo relacionada às competências socioemocionais, é a colaboração. Que pode ser tratada também do ponto de vista da empatia, da amabilidade, entre outros termos associados.

A atitude colaborativa e que possui preocupação com o bem-estar dos outros nem sempre se relaciona diretamente ao bom desempenho escolar, por exemplo. Está associada de forma consistente a outros indicadores positivos na vida, como baixa criminalidade, relações sociais positivas, mais anos de estudo, menor risco de desemprego e menor chance de paternidade na adolescência.

Mesmo existindo uma tendência desenvolvimental, a diminuição da empatia e colaboração durante a adolescência ainda é um aspecto essencial a ser tratado em intervenções na escola, sobretudo dada a importância que vem sendo destacado ao trabalho colaborativo, a ética, a cidadania e ao respeito pelo outro.

Um estudo realizado com 3618 alunos do ensino fundamental e médio verificou que a colaboração demonstrou um papel essencial em manter boas relações com colegas e professores, o que leva a um melhor ajustamento acadêmico ao longo do tempo. Quando os jovens preocupam-se mais com o bem-estar alheio e possuem mais atitudes cooperativas, há uma tendência a terem relações de maior qualidade com os que convivem.

Por outro lado, aqueles com escores baixos tendem a ser mais individualistas e não cooperativos, e, claro, possuem mais dificuldades de adaptação aos grupos.

Nesse estudo observou-se também uma leve diminuição dos níveis de colaboração ao longo das séries, sugerindo que esse dado pode se relacionar a uma mudança desenvolvimental.

Outra pesquisa sugere uma tendência a diminuição do traço amabilidade na adolescência. A queda tende a iniciar por volta dos 12 anos, diminuindo até os 20 anos, fazendo com que pessoas dessa faixa etária se voltem mais para as próprias necessidades e esqueçam dos sentimentos e problemas dos outros.

Para além das questões desenvolvimentais, tais achados poderiam indicar que a ampla importância dada ao vestibular e ingressar na faculdade possa influenciar no ensino da maioria das escolas voltando-se para perfis mais competitivos que colaborativos quanto mais se aproximam do final do Ensino Médio.

Ainda sobre aspectos colaborativos, alguns autores indicam que estimular a competência colaboração também tem um papel importante em evitar que os jovens cometam crimes, uma vez que baixos níveis de colaboração encontram-se relacionados com a criminalidade entre jovens.

Os pesquisadores ressaltam que a combinação de baixo nível de amabilidade, baixo nível de habilidade intelectual e rebaixada conscienciosidade se relacionaram com fracasso escolar, o que, por sua vez, tem relação com a exibição de comportamentos antissociais, como comportamentos agressivos, de desrespeito às regras, de crueldade e indiferença ao sofrimento alheio, com propensão a cometer crimes.

Em sistemas educativos, a mensuração das competências cognitivas e socioemocionais podem fornecer informações valiosas para promover estratégias para melhoria dos contextos de aprendizagem e dar subsídios para que estes sejam propícios para o desenvolvimento de competências.

Considerando tais medidas, formuladores de políticas públicas poderão somar estes esforços a outros para determinar de forma mais eficaz as prioridades da política educacional e as escolas poderão melhor adaptar as práticas curriculares e extracurriculares.


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Ivan Rabelo
Especialista em avaliação