Até recentemente, a educação de crianças e jovens se realizava em dois espaços distintos.: a família era responsável pela formação de hábitos e valores e a escola cuidava do desenvolvimento intelectual, focado, principalmente, no repasse de conhecimento.
Com a rápida transformação da sociedade nas últimas décadas, o tempo disponível para o contato dos pais com seus filhos diminuiu sensivelmente.
Com isso, as famílias passaram a ter, cada vez mais, a expectativa de que a escola também se responsabilizasse pela formação integral dos alunos, em vez de se contentar apenas com sua educação acadêmica. Assim, surgiu a necessidade de que os profissionais do ensino, principalmente os professores, assumissem o papel de educadores em um sentido mais amplo. Isso implicou que somassem ao trabalho de ensinar a função de motivar os alunos a formar hábitos e a desenvolver princípios e valores para reger sua conduta.
Embora ainda haja instituições educacionais que se responsabilizam apenas pelo sucesso do ensino acadêmico, a escola deste novo mundo precisa agora ser também uma nova escola.
Isso significa que seus profissionais devem dedicar seu tempo tanto a ensinar conteúdos, como a trabalhar para que seus alunos se desenvolvam como pessoas atuantes e positivamente transformadoras da sociedade.
Nesse cenário é que surgiram os termos competências e habilidades socioemocionais, agora tão destacados nos planejamentos das boas escolas. Entendendo como competência o somatório de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores, para que uma pessoa demonstre ser competente, precisa conhecer e fazer algo, evidenciando reger-se por princípios e valores que atuem como seus motivadores.
Nessa perspectiva, a instituição de ensino deve identificar quais são as principais competências e habilidades que seus alunos necessitam para promover suas relações interpessoais e seu autoconhecimento no presente e no futuro imediato, quando deixarem a escola. Cabe à escola sistematizar o trabalho com essas competências e estruturar um feedback para que as crianças, os jovens e suas famílias saibam o nível de desenvolvimento em que os educandos se situam, a fim de suprir carências ou compartilhar o que já dominam bem..
A escola deve ultrapassar o nível de orientadora de valores e princípios éticos e morais, o que já consiste em um avanço em relação ao seu papel tradicional, e assumir a função de formadora de habilidades e competências socioemocionais.
Isso representa uma mudança significativa na educação, pois o ensino acadêmico passa a equilibrar-se com as habilidades socioemocionais: para evidenciar competência já que não basta mais ao aluno simplesmente demonstrar conhecimento.
Assim, ao procurar uma escola para os filhos, os pais devem, necessariamente, atrelar sua escolha a um planejamento e a um trabalho que contemple essas duas vertentes, ou seja, podem verificar os resultados da escola no ENEM ou em outras avaliações, mas devem também conhecer a fundo a proposta formativa da escola e buscar, junto a outros pais, informações sobre a os resultados desses trabalhos.
Na nova escola, não há mais lugar para escolhas maniqueístas, privilegiando o saber ou a formação, mas para uma síntese que inclua ambos, a fim de que a balança se equilibre e as crianças e jovens possam desenvolver-se como pessoas cada vez mais conscientes e completas.
Eldo Couto
Especialista em gestão escolar