No documentário (Dis)Honesty The Truth About Lies, produzido pela Netflix, o pesquisador Dan Ariely analisa as razões que levam as pessoas a cometer pequenos ou grandes deslizes, de acordo com suas próprias fibras morais.
Mas afinal, o que é, de fato, a fibra moral?
A fibra moral pode ser definida como a determinação de fazer o que se considera certo.
As pesquisas feitas por Dan Ariely e seu grupo no The Center for Advanced Hindsight na Universidade de Duke mostram que as pessoas fazem coisas que consideram erradas de acordo com suas próprias fibras morais.
A racionalização de suas ações dentro de determinados contextos e situações cria uma lógica na qual o indivíduo guarda certo afastamento dos atos antiéticos que comete, esticando a sua fibra moral.
É evidente que há valores universais, como o valor da vida, o respeito ao próximo, a solidariedade etc., aos quais quase todas as pessoas supõem aderir. No entanto, compreender as tendências de racionalização frente a dilemas morais ou sociais pode ajudar as empresas e governos a poupar muito dinheiro.
Em seu livro The Honest Truth About Dishonesty: How We Lie to Everyone – Especially Ourselves, o pesquisador Dan Ariely também aponta que as informações reportadas de maneira levemente superestimada pelos clientes das seguradoras geram um custo anual de 24 bilhões de dólares. No Brasil, o economista Claudio Frischtak conduziu um estudo na Inter.B que concluiu que o custo do superfaturamento de obras de infraestrutura no país, de 1970 a 2015, totaliza R$2,1 trilhões de reais, em valores corrigidos pela inflação.
O investimento da Primeira Escolha no Indicador de Integridade, teste que levamos mais de um ano para desenvolver, foi feito tendo como objetivo ajudar as empresas na gestão de suas forças de trabalho em relação ao que podemos chamar aqui de trabalho ético.
Por exemplo, para um time de pessoas que têm preferências por racionalização prioritariamente no nível pré-convencional, ou seja, dão grande importância à reciprocidade, é necessário direcionar recursos para fiscalização e incentivos individuais diretos ao comportamento ético. Refinando o exemplo, se for uma força de trabalho de estoque e almoxarifado, serão necessárias ações como câmeras de vigilância, revistas, proibição de entrar com bolsas etc., para que se evitem pequenos (ou grandes) furtos.
É importante reforçar que pessoas nos três níveis de desenvolvimento moral elencados por Kohlberg podem ser extremamente honestas.
Do ponto de vista do Recrutamento e Seleção, a empresa pode decidir contratar profissionais nos níveis convencional e pós convencional para compensar o turn over da área, e direcionar investimentos ao fortalecimento dos princípios elencados em seu código de ética em sua cultura.
Outro exemplo: para uma área comercial com grande peso das comissões no pacote de remuneração, a empresa pode preferir contratar pessoas no nível pré-convencional, em que orientar-se por reciprocidade pode ser canalizado para a busca da recompensa individual.
Trabalho ético também está relacionado a agir constantemente no melhor interesse da empresa.
Um funcionário que cumpre sua carga horária, mas não se dedica ao trabalho em boa parte deste período não está roubando algo físico da empresa, mas está se eximindo de sua responsabilidade fiduciária com seu empregador, que lhe paga integralmente o salário. O que pode levar este profissional a uma maior produtividade pode ser algo diferente dependendo do modo como essa pessoa racionaliza suas atitudes frente à compreensão, do ponto vista moral, dessas atitudes.
Os programas de ambientação e integração de novos funcionários pode ser direcionado à melhor maneira de cada um manter firme no trabalho a sua fibra moral.
Tadeu da Ponte (CEO da Primeira Escolha) e Ivan Rabelo (especialista em avaliação)