Simulado X Diagnóstico

Certa vez, durante um curso de formação de gestores escolares, uma coordenadora pedagógica relatou uma das estratégias que sua escola adotava para a promoção da melhoria das aprendizagens dos alunos: a aplicação de simulados bimestrais. Segundo ela, o acompanhamento das notas atribuídas aos alunos nesses simulados era uma forma de monitorar suas aprendizagens.
A aplicação constante de simulados com a finalidade de monitorar aprendizagens é comum e bastante difundida. No entanto, esconde um problema: simulados não foram projetados para esse fim e, portanto, não são a melhor ferramenta para se fazer isso.

Student studying in the library with tablet at the university

Nesse contexto, queremos falar sobre a diferença entre simulados e diagnósticos padronizados. Os simulados têm a função de, como o próprio nome diz, simular a situação de um vestibular ou outro processo de seleção, permitindo que o aluno se familiarize com a estrutura da prova e que aprenda a gerenciar o tempo destinado à resolução das questões e à transcrição das respostas no gabarito. Além disso, proporcionam um momento para que o estudante lide com suas ansiedades em relação àquela prova específica, para que possa desenvolver uma maneira mais confortável e otimizada para conclui-la com o maior sucesso possível. Mais importante, o simulado é um retrato de um único momento e não é capaz de expressar o desenvolvimento das aprendizagens do aluno. Portanto, fica explícito que o foco de um simulado não é, necessariamente, o diagnóstico das aprendizagens dos estudantes.

Para fazer esse diagnóstico, é necessário um processo avaliativo que tenha foco nas aprendizagens e na sua evolução temporal, que consiga apontar as fragilidades que os alunos apresentam e indicar se elas estão sendo superadas ou não ao longo do tempo. Para isso, é importante que o processo avaliativo diagnóstico seja capaz de fornecer indicadores de aprendizagem. Assim, os resultados dos estudantes devem poder ser comparáveis entre cada aplicação dos instrumentos avaliativos, que devem ser aplicados periodicamente. As avaliações diagnósticas padronizadas possuem essas características. Elas expressam os resultados dos alunos em uma mesma escala – uma escala padronizada – e, por isso, o acompanhamento das evoluções de aprendizagem é feito de maneira mais eficiente. Nos diagnósticos padronizados também é possível comparar os desempenhos obtidos pelos alunos com bases de referência, que podem ser formadas pelos outros alunos da mesma turma, da mesma escola, do mesmo município, estado etc.

Finalizando, queremos destacar que os simulados têm o seu lugar, pois focam em aspectos práticos importantes para os alunos. Mas a tomada de decisões educacionais mais acertadas e eficientes deve ser baseada, preferencialmente, nos resultados obtidos por meio de avaliações diagnósticas padronizadas, que proveem, às equipes escolares, informações mais qualificadas sobre a aprendizagem de seus estudantes.

 

 

patricia

 

 

 

 
Renata Mendes 
Especialista em Avaliações