Por que fazer avaliações externas?

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Todo gestor de escola, nos dias de hoje, já lidou com algum tipo de avaliação externa, seja a partir de uma iniciativa da sua própria instituição ou em função de programas de avaliação oficiais, tais como o Saeb ou o ENEM. Mas, qual a importância de se fazer avaliações externas? Antes de responder a essa questão, é necessário organizarmos algumas ideias.

Em primeiro lugar, o Saeb, o ENEM ou serviços prestados por empresas especializadas não fornecem, a rigor, uma avaliação integral de uma escola em seus relatórios.

Por definição, fazer uma avaliação da escola é confrontar resultados obtidos a partir de um processo padronizado e sistematizado de mensuração, com expectativas de resultados da instituição.

Ou seja, os únicos habilitados a fazer uma avaliação de uma escola são os profissionais da própria instituição, sejam eles mantenedores, diretores, coordenadores e, no contexto da gestão participativa, os professores.

No entanto, na vida real algumas coisas acabam acontecendo para além desta definição: toma-se a mensuração como avaliação, utilizam-se medidas e referências de análises incompatíveis, desvirtua-se o processo com subjetividades - pessoas se envolvem pessoalmente com a avaliação, num comportamento de “cada um defende o seu” -, as famílias avaliam as escolas de seus filhos com base no ranking do ENEM publicado na internet, os veículos criam sucessivos rankings das 50 melhores escolas em alguma coisa etc. Como disse Descartes na primeira parte de seu Discurso do Método, o problema não está em uns de nós sermos melhores do que outros no nosso “poder de bem julgar e distinguir o verdadeiro do falso”, mas sim de “conduzirmos nossos pensamentos por vias diversas e não considerarmos as mesmas coisas”.

Embora seja difícil evitar todos os equívocos e falácias construídos em torno do tema avaliação externa, é possível à escola tomar as rédeas daquilo que ela considera realmente relevante para suas decisões mais estratégicas. É aí que está a importância de uma instituição conduzir seu processo de avaliação externa.

Para que tal processo possa ser mais efetivo, há alguns fatores que podem ser determinantes:

  • estabelecer o processo de avaliação externa no planejamento anual, tanto para criar condições (e espaço no cronograma) para sua realização quanto para sistematizar o processo de análise e discussão dos resultados nos diferentes níveis de gestão, tendo em vista as ações que podem ser tomadas a partir desses resultados;
  • contar com métricas educacionais válidas e apresentadas sempre nas mesmas escalas (é para isso que serve a TRI!) – nesse sentido é necessário diferenciar, no que o mercado oferece, os programas de avaliação padronizados de simulados que geram apenas resultados pontuais;
  • coletar dados das diferentes séries e segmentos, para que se tenha a representatividade nas inferências e interpretações de resultados que se pretende fazer;
  • contar com referências de análise válidas, para que se saiba exatamente que resultados podem ser entendidos como positivos e quais são menos favoráveis. Isso se dá por meio de bases de comparação e não é necessário que elas sejam constituídas apenas de algumas escolas concorrentes, até porque bases com mais escolas tendem a ser mais robustas;
  • prever devolutivas pedagógicas para traduzir indicadores e informações técnicas em inteligência educacional acessível, principalmente aos professores;
  • planejar a comunicação com todos os públicos da escola sobre o objetivo da avaliação, bem como dos resultados obtidos, fornecendo evidentemente o nível de detalhes adequado a cada grupo.

    Este último ponto talvez seja o mais importante e, muitas vezes, acaba sendo o mais negligenciado. O fato é que, quanto mais espaços a comunicação sobre um processo coerente e abrangente de avaliação externa conseguir preencher na comunidade da escola, menos lacunas serão deixadas para serem ocupadas pelos diferentes rankings dos "50 mais alguma coisa" que alguém fez e colocou na internet..

 

 

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Tadeu da Ponte
CEO da Primeira Escolha

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