Avaliação externa, avaliação padronizada e avaliação de larga escala: sinônimos?

Os profissionais da área da educação estão intrinsecamente ligados à avaliação. Atividades avaliativas fazem parte do cotidiano de toda escola, seja ela mais ou menos tradicional. Apesar disso, existe muita confusão quando o assunto é avaliação, pois costuma-se dar a esse termo sentidos que nem sempre expressam a sua real acepção dentro do contexto educacional. Frequentemente, avaliação vira sinônimo de prova, simulado vira sinônimo de avaliação, avaliação externa vira sinônimo de avaliação de larga escala...

O post de hoje pretende desfazer algumas dessas confusões, que não apenas prejudicam o entendimento das avaliações praticadas nas instituições educacionais, mas, principalmente, podem prejudicar o aproveitamento eficiente de seus resultados.

Apple on pile of books at the elementary school


Para começar, vamos esclarecer o que entendemos por avaliação: avaliação é um
processo que envolve desde a coleta de informações relevantes sobre os objetos educacionais até a síntese dessas informações, para que sejam tomadas decisões cabíveis.

Nesse processo, é necessária a elaboração de um ou mais instrumentos avaliativos, que devem ser adequados ao que se quer avaliar (nem tudo pode ser avaliado, por exemplo, por uma prova escrita...). Também é necessária a aplicação desse instrumento, a coleta dos dados, o processamento dos dados e a sua interpretação. Justamente por isso, não podemos tomar avaliação, prova e simulado como sinônimos, porque avaliação é um processo muito mais amplo do que a simples aplicação de um instrumento avaliativo.

E a avaliação externa? É sinônimo de avaliação de larga escala? É o mesmo que avaliação padronizada? Teoricamente, não. Vejamos:

  • Avaliação externa é toda e qualquer avaliação concebida e formulada por profissionais que não fazem parte do cotidiano da instituição escolar em que se dá a avaliação.

  • Para ser considerada de larga escala, a avaliação deve, além disso, ser desenhada para aplicação a uma grande quantidade de sujeitos – que extrapola o contingente de alunos de uma turma ou mesmo de uma escola.

  • Dizemos ainda que uma avaliação é padronizada quando ela obedece a padrões que, geralmente, dizem respeito a três aspectos: objeto da avaliação, características dos instrumentos e expressão dos resultados.

 
O objeto da avaliação padronizada é especificado por um documento chamado matriz de avaliação, que contém descritores aos quais os itens da avaliação devem corresponder. Por exemplo, se consta da matriz de avaliação o descritor “Criticar argumentos com base no raciocínio probabilístico, em contextos diversos.”, isso significa que a avaliação padronizada deverá coletar – por meio de um ou mais itens apropriados - informações específicas que permitam inferir se o respondente detém tal habilidade.

O formato do instrumento de avaliação padronizada também obedece a padrões pré-estabelecidos, que devem ser projetados de acordo com a natureza do que se pretende avaliar, ou seja, de acordo com os descritores contidos na matriz de avaliação.

Por fim, os resultados da avaliação padronizada são geralmente codificados por uma pontuação em uma escala pré-estabelecida e estável para diferentes edições da avaliação, a fim de permitir comparabilidade entre resultados ao longo do tempo.

Assim, é possível imaginar avaliações externas que não sejam padronizadas, avaliações externas que não sejam em larga escala, avaliações internas que sejam padronizadas... Mas, na prática, essas três características costumam aparecer juntas, pois foram amalgamadas no tipo de solução dada à necessidade de monitoramento das políticas públicas de educação. Para esse tipo de monitoramento, começaram a ser projetadas
avaliações externas para avaliar não a aprendizagem dos alunos de uma turma ou escola, mas de toda uma rede educacional (larga escala). E para que o processo avaliativo fosse informativo, transparente e útil, esse tipo de avaliação tornou-se padronizada.

A Prova Brasil (SAEB) é um exemplo de avaliação externa, de larga escala e padronizada. Ela é formulada por equipes de profissionais do INEP, aplica-se a alunos de um mesmo ano escolar de todas as escolas públicas do Brasil, conta com um instrumento de avaliação de formato específico, está baseada em uma matriz avaliativa e fornece resultados comparáveis ao longo do tempo, em uma mesma escala.

Também tornou-se comum, em redes municipais e em redes privadas, avaliações que podem ser consideradas externas, por não serem elaboradas pela equipe integrante da escola avaliada; que podem ser consideradas em larga escala, por serem aplicadas a toda a rede; mas que não fornecem resultados baseados em uma mesma escala ou comparáveis entre diferentes edições e que, dessa forma, não são padronizadas.

 

Equipe de Desenvolvimento de Conteúdo

 

Conseguimos esclarecer um pouco essas confusões comuns de nomenclatura?
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