A BNCC e a oralidade

No início deste ano, o Blog da Primeira Escolha publicou um post com o seguinte tema: “Oralidade em sala de aula: como estimular a proficiência do aluno?”. Um tema que não poderia ser mais oportuno para a ocasião, logo após a homologação da BNCC, que apresentou, na matriz de Língua Portuguesa, 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental, habilidades relativas à oralidade.  

Naquela ocasião, o post reforçou a responsabilidade da escola em desenvolver, no aluno, habilidades relacionadas à oralidade e apresentou algumas estratégias que poderiam ser incorporadas ao cotidiano da sala de aula para facilitar o desenvolvimento dessas habilidades. Também apontou a importância de se avaliar a oralidade.

Retomar as ideias apresentadas naquele post é uma tentativa de reativar as discussões sobre essa prática escolar pouco valorizada, mas fundamental para a integração social dos nossos alunos e que, não bastasse, está prevista pela BNCC.  

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A oralidade, como uma prática de linguagem a ser desenvolvida nas escolas, não é uma novidade. Está prevista desde a publicação dos PCNs, no final da década de 1990. Agora, entretanto,  o caráter normativo da  BNCC torna necessário implementá-la nos currículos de forma efetiva.

E como a oralidade se apresenta na BNCC?

A matriz de Língua Portuguesa, em relação a oralidade, apresenta aproximadamente 30 objetos de conhecimento e 49 habilidades, distribuídas nos nove anos do Ensino Fundamental, que devem ser desenvolvidas junto aos alunos, tendo em vista as 10 competências específicas de Língua Portuguesa, além das 6 competências específicas de Linguagens.  

Mensurar essas  habilidades e competências pode ser importante para dimensionar o peso dessa prática dentro do ensino de Língua Portuguesa, mas isso não é suficiente.  É preciso saber quais são os objetos de conhecimento e como estão descritas as habilidades e, só assim, conhecer a dimensão do trabalho com oralidade.

O primeiro passo para isso é fazer uma leitura analítica de cada um dos objetos de conhecimento e das habilidades previstas na base. Essa leitura deve ser conjugada com as competências específicas da componente curricular e da área, para melhor compreender e identificar os tipos de ações e recursos que serão necessários para realizar um trabalho coerente com a BNCC. 

Colocando em prática o exercício de análise da base, fica evidente a necessidade de um trabalho intencional e sistemático da escola em relação a oralidade. Não se trata apenas do uso da língua oral, mas de proporcionar ao aluno situações em que possam vivenciar diferentes papéis em diferentes situações comunicativas, como:

- Planejar a produção de um texto que será veiculado em diferentes canais de comunicação;

- Declamar adequadamente, após a compreensão e interpretação de um texto escrito, de forma que o aluno saiba dar ritmo e entonação adequada ao texto;

- Solicitar informações em espaços públicos;

- Realizar um seminário; entre tantas outras habilidades.

Além disso, o desenvolvimento dessas habilidades, muitas vezes, está vinculado à utilização de ferramentas digitais, pois estão expressas, nas próprias habilidades, muitas propostas de trabalho envolvendo a produção de textos em áudio, vídeo e outros recursos.

Diante da importância que se dá a essa prática de linguagem dentro do componente curricular de Língua Portuguesa, é preciso repensar o modo de ensiná-la e avaliá-la.

Como avaliar a oralidade em sala de aula? Quais os instrumentos mais adequados para avaliar os alunos quando se trata da oralidade? Obviamente, uma prova escrita não é um instrumento adequado para se avaliar as habilidades de oralidade de um aluno. Isso exige, portanto, repensar as formas mais tradicionais de avaliação.

Como se vê, a efetiva inserção da oralidade no currículo da escola, tal como preconiza a BNCC, exige uma ampla revisão das práticas de ensino e de avaliação, que precisam estar pautadas na valorização dessa prática de linguagem.

 

Paula 

Paula Querido       
Especialista em Avaliação     

 

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